Infinitivo e impessoal: ou o invisível e indivisível em minha pesquisa artística.
Caminhos
Através da minha produção artística investigo a relação dos elementos que constituem om trabalho, como formas geométricas, cores, texturas e materiais diversos, partindo do papel no plano bidimensional convergindo para o tridimensional procurando uma ocupação no espaço, buscando a intencionalidade de desvelar o que pode estar no interior da matéria, utilizando procedimentos como desenho, pintura, cerâmica, gravura, barbantes, incisões, recortes e dobras, procurando revelar o verso, o silêncio e o que não estava iluminado, o invisível e o indivisível, pluridimensional e infinitivo.
Elegendo a linha como ponto de partida percorro espaços internos do papel, da tela e de áreas do entorno. Em princípio retas ortogonais, obliquas e segmentadas. Linha que lança-se o espaço em diferentes direções e orientações procurando sua mobilidade na superfície plana, ora ocupando os vazios circundantes, ora seguindo para o infinito.
Entre idas e vindas, a linha agora tensiona-se em movimentos circulares, sem intenções de formar um limite para gerar um plano, negando-se a formar o dentro e o fora, o sim ou não, o zero ou um, resultando numa forma espiralada a procura de outros espaços em dimensões desconhecidas, infinitivas.
Ao se encontrar no material cerâmico, esta mesma linha agora, após ser manuseada em gestual de retorcimento, criando um corpo, para em seguida receber a ocagem em forma espiralada segue em direção ao infinito estabelecendo-se no tempo pela alta temperatura recebida pela argila.
Centrípeto e centrifugo, 2013
Cerâmica
Dimensões diversas
As linhas espiraladas retornam agora para o papel entrelaçando-se em movimentos giratórios, helicoidais procurando uma conformação na espacialidade do plano ocupando-o como uma dança onde os corpos ao mesmo tempo se encontram e agrupam-se.
Caminhos, 2014
Grafite sobre papel
40 x 30 cm
Ao lançar-se para a tridimensionalidade tencionam-se em diálogo cromático com o campo gravitacional contido no espaço sugerindo uma fuga para fora do enquadramento.
Caminhos, 2014
Instalação
Barbantes coloridos
Dimensões diversas
Caminhos, 2014
Gravura
Matriz de lixas diversas sobre papel
42 x 29,7 cm
Caminhos, 2014
Xilogravura sobre papel
42 x 24 cm
Tanto na Gravura, com seus relevos e espaços negativos, como no Desenho com seus espaços vazios e superposições, o movimento tende a criar organicidade e expandir o formato do papel, flagrado no dentro e buscando uma fuga para fora dos seus limites.
Poderia-se dizer que após tensionar-se, a espiral se desenrola e sai do plano deixando um vazio que não é sua ausência, mas a ocupação externa fora da janela, do enquadramento, tornando-se invisível, como o ar que sai de nossos pulmões no ato de respirar.